terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vou


Louca... Como se batesse com a cabeça enlouqueci... Não sei quem sou, para onde vou, o que procuro ou que pretendo encontrar... Vou... Não sei para onde, mas vou... Dispo-me do que um dia me vestiste, e parto para longe... Não, não quero olhar para um passado existente apenas na inocente lembrança de alguém que nem sabe mais nada... Despeço-me do perfume leve e suave que minha lembrança ate hoje quer guardar... Vou embora... Descalça percorro o macio das silvas que semeaste em meu caminho...

Luz


Dispo-me da dor e procuro alcançar a paz... Alguém viu a luz? Procuro por ela já a duas décadas e estou sempre a trocar de pele, e' demasiado sensível a luz que ilumina meus dias... O protector que cobre minha pele nunca e' suficientemente forte para a proteger... Para alem de ser escorregadio, deixando-me cair vezes sem conta, presenciando as cicatrizes dessas quedas que marcam minha alma...

Esperarei


Vou-me atirar no escuro para que não me vejam e eu possa ter um pouco de paz por entre estes muros altos e sombrios, que me fecham cada vez mais sobre mim mesma... Quero correr em direcção incerta e achar um caminho que não existe, na esperança de um dia chegar ate o mais alto precipício, e acabar enfim com a dor... voar entre os anjos ate ti... Porque só assim te poderei ter... Porque só assim serás verdadeiramente meu... Esperarei por ti onde tudo e' calmo e tranquilo, onde a tranquilidade das ruas se promovem por almas mais justas e compreensivas, onde o sol bronzeia sem queimar a pele, onde o mar refresca sem nele arrastar alguém... Esperar-te-hei no infinito, enquanto procuro desvendar a metáfora mais complexa que um dia me deste...

FORA DO TEMPO



Fora do tempo,

das águas e dos mares,

sou fruta da terra e do vento

que sofre com o sol e novos ares.

Não me colhes maduro,

num sumo que trago dentro.

Morrerei no chão,

abjecto, indesejado e impuro,

por não me colheres em vão.

Morrerei ao centro,

deste chão,

frio e escuro,

sem me agarrares

fora do tempo,

das águas e dos e dos mares.

E num segredo ao mundo,

num suspiro último e profundo,

segredar-te-ei ao ouvido,

que semearei a terra

de um amor que poderia ter sido.


Poema de Alguém muito especial

MEDO DE TI



Perguntaste-me debaixo das estrelas,

o que eu gosto em ti...

Pensei responder-te com a vida,

absurda, desde que nasci.

O que gostas nas violetas?

Não é simplesmente

serem violetas eternamente?

O que gostas na água?

A sua transparência?

Não tem cor,

sabor

ou odor

ou inocência.

No entanto, vives dela dependente.

Tal como o meu presente,

que morre neste jardim,

sem violetas ou água,

dentro de uma armadura sem fim

desde que nasci.

E ainda me perguntas a mim

O que eu gosto em ti?


Poema de Alguém muito especial